Em sua despedida, relembramos a trajetória marcante de Mário Aparecido, um profissional que transformou desafios em legado e cuja contribuição permanece viva no jornalismo da região.
A notícia da partida de Mário Aparecido aos 64 anos não encerra apenas a história de um jornalista; encerra um capítulo inteiro da comunicação regional, escrito com coragem, persistência e humanidade. Mário não foi apenas fundador da Folha do Pirajuçara — foi alguém que ajudou a moldar a forma como Taboão da Serra, Embu das Artes, Itapecerica da Serra e municípios vizinhos aprenderam a se reconhecer através das páginas de um jornal.
Sua trajetória, marcada pela ética e pela busca incansável pela verdade, ultrapassou redações, fronteiras e limitações. Mário atuou em diversas frentes da imprensa local e levou seu instinto jornalístico para além das convenções. Foi no auge dessa caminhada que a vida lhe impôs o maior dos desafios: a perda total da visão. O que poderia ter sido uma interrupção na carreira tornou-se, nas mãos dele, a prova definitiva de que algumas pessoas não dependem dos olhos para enxergar — dependem do propósito.
Mesmo cego, Mário seguiu produzindo, opinando, orientando e permanecendo presente na rotina da imprensa regional. Transformou a superação em rotina. Suas palavras continuaram alcançando leitores, e sua voz permaneceu firme, marcante e, muitas vezes, necessária. Nesse período, fortaleceu ainda mais a identidade que o acompanhou durante toda sua vida: a de um jornalista que jamais se rendeu ao silêncio.
E se sua contribuição profissional é inquestionável, sua presença humana foi ainda mais profunda. Mário era o tipo raro de pessoa que construía relações verdadeiras, pautadas em respeito e companheirismo. Entre essas relações, uma se destaca pelo tempo, pela intensidade e pela sinceridade: sua amizade com Fredy, fundador e jornalista responsável do Correio de Itapecerica.
Foram mais de três décadas de convivência, troca de experiências, confidências e parceria no que ambos consideravam mais do que uma profissão — uma missão.
Sem precisar dizer diretamente, quem os viu juntos percebeu que havia ali mais do que colegas de imprensa. Havia lealdade, admiração, cumplicidade e, principalmente, a consciência de que ambos, cada um do seu jeito, ajudaram a construir a história do jornalismo local. Perder Mário, para nós, não é apenas perder um grande profissional; é perder parte da nossa própria memória afetiva e institucional.
Por isso, o Correio de Itapecerica presta esta homenagem com o coração apertado, mas com a gratidão viva. Honramos não apenas o jornalista brilhante que ele foi, mas o homem íntegro que manteve sua essência mesmo diante das maiores adversidades. Honramos o pai, o marido, o amigo, o mentor e o parceiro de tantos caminhos.
A região perde uma das vozes mais fortes de sua história. Nós perdemos alguém que ajudou a moldar o que somos como veículo, como profissionais e como pessoas.
Mas sua falta, embora profunda, nunca será um vazio. Será presença. Será lembrança. Será referência.
Afinal, existem pessoas que não se despedem — permanecem.
Obrigado, Mário. Pelo que fez, pelo que ensinou e pela forma generosa com que tocou tantas vidas.
O jornalismo da região ainda se apoia no que você construiu. E nós nunca deixaremos sua história desaparecer.



