A “Feira de Artes e Artesanato de Embu das Artes” foi declarada “Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de São Paulo”, após a aprovação pela Assembleia Legislativa, no dia 2 de fevereiro, do Projeto de Lei 918/2016.

Segundo a Secretaria Municipal de Turismo, o Patrimônio Cultural Imaterial é uma maneira de salvaguardar as expressões culturais, as tradições e a ancestralidade: “O reconhecimento do estado é de grande importância para a preservação da história de todos aqueles que fazem e fizeram parte dela”.

Nos fins de semana, a Feira recebe aproximadamente de 30 a 40 mil visitantes, vindos de várias regiões do estado de São Paulo, do Brasil e do mundo, atraídos por artesanato, bijuterias, miniaturas, pinturas, esculturas, porcelanas, bordados, rendarias, instrumentos, roupas, objetos de decoração, cestaria, entre outros artigos, comercializados por cerca de 500  expositores.

As bancas da Feira ocupam as ruas que formam quatro quarteirões, entrelaçados por vielas estilosas e carismáticas que acolhem construções rústicas, propiciando aos visitantes um autêntico e aconchegante ambiente do interior.

As origens

A vocação artística da cidade teve origem a partir da edificação da Igreja N. S. do Rosário, hoje Museu de Arte Sacra, erguida por padres jesuítas e índios no período colonial (1690), que também confeccionaram suas obras e imagens religiosas.

Já no século 20, artistas como Cássio M´Boi, Sakay e tantos outros ajudaram a consolidar a produção de obras de arte no território junto ao escultor Mestre Assis do Embu e ao poeta Solano Trindade, incorporando no município o tempero essencial da cultura brasileira, trazendo repertório de ritmos e danças afro-brasileiras. A partir do 1º Salão de Artes Plásticas de Embu em 1964, que reuniu trabalhos de diversos artistas renomados, a arte produzida em Embu das Artes passou a ser reconhecida nacional e internacionalmente.

A presença de artistas contemporâneos, populares e de bravos hippies, que por aqui chegaram na década de 60, ampliou a atividade artística na cidade. Assim, sob a temperatura de tempos de transformação social, mudança de padrões comportamentais e efervescência política, estudantil e cultural, nasce em 1969 a Feira de Artes e Artesanato, em frente ao Museu de Arte Sacra, articulada por Mestre Assis do Embu, que estimulou a vinda para a cidade dos expositores da então feira da Praça da República, em São Paulo.

E não só a tradição e a cultura popular brasileiras brotaram por essa terra, pois artistas estrangeiros também se fixaram no município, entre eles, japoneses, argentinos, uruguaios, chilenos, bolivianos, peruanos, haitianos etc., influenciando substancialmente a cena cultural embuense.

Ilustres, shows e Mick Jagger

No decorrer de sua existência, ocorreram no entorno da Feira shows como de Rita Lee, Novos Baianos, Jorge Mautner e Tom Zé, houve frequentes visitas de ilustres como Nathália Thimberg, Moacir Franco e Gianfrancesco Guarnieri, além de presenças roqueiras internacionais como do grupoThe Mamas & the Papas e do cantor Mick Jagger, da banda Rolling Stones.

Outra figura que transitou pela Feira foi José Agrippino de Paula, autor do livro PanAmérica (1967), obra fundamental para o desenvolvimento do movimento da Tropicália. O escritor, dramaturgo, cineasta e diretor passou a morar, em 1980, em Embu das Artes, onde morreu em 2007. Era grande conhecedor da cultura local.